Muitos estudos destacam o potencial do brincar no processo de socialização da criança. É claro que a criança também brinca sozinha, mas o brincar é predominantemente uma conduta realizada num contexto social, com outras crianças, jovens ou adultas. Ao longo dos anos, essa socialização pelo brincar se fortalece e podemos afirmar que essa capacidade de se relacionar com diferentes pessoas em diferentes situações de jogos e brinquedos será de grande importância para a convivência do indivíduo em sociedade.Por outro lado, temos que ressaltar que também através de brinquedos e brincadeiras os adultos vão transmitindo para as crianças as condutas que caracterizam as relações de gênero, poder, classe social, etnia. Portanto essas atividades, muitas vezes, realçam os valores, preconceitos e estereótipos que encontramos na sociedade. Assim, na escola, se faz necessário um olhar crítico do educador no aproveitamento da própria brincadeira (dirigida ou livre) como suporte de reflexão junto aos alunos em relação aos princípios e valores evocados na atividade.
Outro aspecto da natureza humana que ganha destaque nas atividades lúdicas é a experimentação de emoções, desejos e sentimentos. O barulho causado pelas crianças é fruto, muitas vezes, das trocas afetivas que se desenrolam ao longo das vivências. Fiquem atentos! As crianças riem, pulam, vibram, sentem contagiante alegria a cada nova conquista ou realização. Demonstram medo, insegurança e aflição a cada novidade que aparece. Choram, ficam bravas, reclamam e se entristecem a cada fracasso ou insucesso na vivência de um duro desafio ou brincadeira.
A atitude de não participar de uma atividade também é comum entre as crianças e pode conter inúmeros significados: querer conhecer um pouco da atividade antes de participar; medo de ser perseguida e ser pega por um pegador; vergonha por não saber executar o gesto solicitado; julgar que o desafio está além de suas possibilidades. Nesse caso específico, deixar que a criança fique de fora por um momento, não quer dizer estar alheio a sua participação ou não. O professor pode, pacientemente, conversar com a criança sobre a sua não participação, compreender seus sentimentos e propor soluções para o problema. Uma das soluções é oferecer sua mão para que fujam juntas do pegador.
A atmosfera afetiva é variada e intensa! Esse talvez seja o aspecto mais difícil de compreender e enfrentar ao propor um trabalho de corpo e movimento a partir das atividades lúdicas aos seus alunos. Professoras e professores e alunos terão que ser muito pacientes, atentos e acolhedores na relação com as mais variadas manifestações de afetividade dos colegas. Um ambiente afetivamente seguro é condição imprescindível para que todos se envolvam no processo de ensino e aprendizagem. A construção desse ambiente é constante e não depende somente do professor, mas também de todos os envolvidos no processo. É um grande desafio para todos; porém, sua contribuição é enorme para o fortalecimento do vínculo entre as crianças e delas com os educadores. Pense nisso!
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