terça-feira, 13 de abril de 2010

A escola como espaço privilegiado na aprendizagem da cultura lúdica de movimento

As mudanças ocorridas nas últimas décadas, principalmente no campo tecnológico, deram ao homem, sem sombra de dúvidas, uma dimensão grandiosa. Por outro lado, essas mudanças geraram alterações significativas no cotidiano das pessoas afetando também, como veremos, a natureza, a qualidade e a variedade das aprendizagens das crianças com respeito ao brincar e seu desenvolvimento corporal.A entrada das mulheres para o mercado de trabalho, as famílias ficando menores, o afastamento dos grupos de parentes (até algum tempo esses grupos moravam mais ou menos próximos) a urbanização dos espaços físicos, que fez diminuir o número de lugares disponíveis para a prática de jogos e brincadeiras de movimento, a presença cada vez maior da televisão, computador e vídeo game na vida das pessoas, tempo ocupado com cursos de toda natureza, implicaram, a nosso ver, num empobrecimento das experiências das crianças principalmente no que diz respeito à atividade corporal e à brincadeira: queima de etapas , encurtamento da infância, ruptura na relação ensino-aprendizagem entre mais velhos e mais novos, sedentarismo precoce e por conseguinte obesidade infantil entre outros, foram as marcas deixadas por esse empobrecimento .
Diante de um quadro como esse,enxergamos a escola como local potencialmente favorável à recuperação, preservação e aprendizagem da cultura lúdica . É na escola que encontraremos, muito definidos, os elementos essenciais para que se dê a aprendizagem das brincadeiras: Tempo, espaço e pessoas Assim, é necessário de antemão ressaltar a importância que os educadores têm na efetivação de um projeto de trabalho que valoriza as brincadeiras. Para tanto, devem investir na sua formação no que diz respeito ao brincar. É importante que incorporem aos seus saberes, à suas práticas e à rotina diária o valor do movimento e das brincadeiras para a vida das crianças; Reservar um tempo para brincar e que não seja somente o tempo do recreio ou parque; potencializar espaços desafiadores para que a brincadeira aconteça; Recuperar sua memória de infância, buscando os jogos e as brincadeiras realizavam quando criança e adaptá-las ao contexto escolar.
Devem levar consideração os saberes das crianças a respeito do brincar, sua predisposição para criar e que não inibam essas potencialidades; Deve lembrar-se sempre que as crianças avançarão em seus conhecimentos se forem alimentadas com novos saberes, a partir de novos repertórios e experiências e que esses novos conhecimentos virão de pessoas mais capazes que elas , tais como: o professor e os colegas e as colegas mais velhas. Nesse aspecto é importante a formação de agrupamentos com idades diferentes, pois o mais experiente pode auxiliar o menos experiente; Reservar e garantir tempo e espaço para a brincadeira livre e espontânea; Evitar de controle excessivo das crianças com o propósito de protegê-las contra acidentes;
Quanto mais aprendem a brincar, mais querem brincar! Ao desenvolver um trabalho estruturado que valoriza as brincadeiras como recurso ao desenvolvimento e educação corporal, os professores devem compreender que estarão habilitando, cada vez mais, a iniciativa das crianças em torno desse universo. Situações lúdicas-coletivas organizadas pelas próprias crianças é resultado de experiências vividas de forma significativa anteriormente. É claro que com crianças de 3 e 4 anos a possibilidade de jogos de regra em grupos acontecerem com autonomia, sem a iniciativa do educador, são poucas. Mas não tenha dúvida, se tempo e espaço forem garantidos, as crianças com 5 ou 6 anos começarão a organizar, a seu modo, situações de jogo mais elaboradas. E isso é muito bom!

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